Tenho certeza que você já se fez essa pergunta, mas constantemente a faço quando reflito sobre a saúde masculina no Brasil. Por esse motivo sempre busco discutir temas relacionados a qualidade de vida do homem nos eventos que participo e, também, nos realizados pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, instituição que eu sou presidente e fundadora.
No dia 14 de agosto, por exemplo, o Instituto realizou o Fórum SAÚDE. O objetivo desse encontro foi apresentar a pesquisa “Um novo olhar para a saúde do homem”, feita pela revista SAÚDE, pela área de Inteligência de Mercado do Grupo Abril, com o apoio da ASTELLAS FARMA.
A pesquisa foi feita por meio de questionários divulgados e respondidos via internet entre os meses de junho e julho desse ano. Participaram desse estudo mais de 2. 400 homens, de todas as regiões do país, sendo a metade deles usuários do sistema público de saúde e quase dois terços com 40 anos ou mais.
Maisa Alves, consultora de Inteligência de Mercado do Grupo Abril, e Diogo Sponchiato, da Revista SAÚDE, apresentaram os dados dessa pesquisa que destacou que o câncer, acima até da morte, é uma preocupação dos entrevistados.
O mais interessante é que, nessa avaliação, chegou-se à conclusão de que as pessoas sabem o que precisam fazer para ter qualidade de vida, porém na prática é diferente. Isso é evidenciado ao olhar os números. Cerca de 65% dos entrevistados sabem que a prática de exercícios físicos é essencial, mas somente 35% se exercitam pelo menos três vezes por semana.
Quando falamos sobre as barreiras que os homens têm para procurar e seguir um médico, cerca de 37% dos entrevistados, com até 39 anos, e 20%, com 40 ou mais, admitem irem ao médico somente quando se sentem mal. Esses números sobem, respectivamente, para 47% e 28% para aqueles que dependem do SUS.
A resistência de se procurar um médico está amplamente relacionada aos valores das consultas, a falta de agenda dos médicos do SUS ou por se sentirem bem e, por isso, acharem que não precisam procurar um médico.
Nas mesas de debates, que aconteceram durante o evento, discutiu-se sobre importantes temas como “Saúde é, sim, assunto de homem”, com a participação de Haydée Padilha (OPAS), Dra Carmita Abdo (SBP)e Dr Fernando Costa (SBC).
Eu, juntamente com os Drs Fernando Maluf e Rafael Coelho, falei sobre “Do diagnóstico precoce ao tratamento efetivo: onde estamos e para onde devemos ir no controle do câncer de próstata” e o efeito “Novembro Azul”.
Nessas discussões, o Dr Fernando Costa, diretor de promoção da saúde cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, alertou para as doenças cardíacas, já que a pesquisa mostrou que os participantes estão cientes de que essas doenças são a principal causa de mortes no país e que mais da metade dos respondentes não se sentem bem do ponto de vista cardiovascular, mas não procuram o médico “ A saúde cardiovascular ‘está’ preocupante e não adianta campanhas fugazes. É muito importante a abrangência, uma união de especialistas falando sobre o assunto”, disse o Dr Fernando.
Com os Drs Fernando Maluf e Rafael Coelho debati sobre a importância de se falar sobre o câncer de próstata. Foi importante ressaltar que antigamente havia um preconceito quando falávamos sobre o assunto, mas quando começamos a fazer campanhas e a alertar o público masculino sobre a doença, as coisas mudaram.
Posso dizer que o Instituto Lado a Lado foi a porta de entrada para se discutir a saúde do homem e nos orgulhamos de ser uma referência na missão de orientar e conscientizar esse público.
Aliás, a Campanha Novembro Azul tem ido para as ruas, para as estradas, para os estádios, para as empresas e para setores rurais, alcançado números grandiosos. Hoje o câncer de próstata não é mais um tabu. Cerca de 94% dos entrevistados disseram conhecer o Novembro Azul e 32% tiveram suas atitudes mudadas depois de participar ou ver as ações da campanha.
O diferencial do Novembro Azul do Instituto Lado a Lado é que ele acontece o ano inteiro e não somente no mês reconhecido como o de conscientização para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, pois olhamos o homem em sua integralidade e em todas as fases de sua vida.
Não poderíamos terminar esse evento de outra forma a não ser discutindo sobre “O tratamento do câncer de próstata no SUS e na Saúde Suplementar: como diminuir as desigualdades”. Os Drs Paulo Hoff, Diogo Assed e Luís Rios comentaram sobre esse tema que precisa ser disseminado nas nossas palestras, pois ainda há muito a se fazer pela saúde do homem nessas instituições públicas e privadas.
É gratificante poder reunir amigos e profissionais em eventos como esse para falar sobre a saúde de um público que é visto como forte, viril e, portanto, não adoece. Na verdade, os homens também são frágeis e precisam se conscientizar de que a prevenção é a forma mais eficaz de se evitar problemas graves de saúde.
Medicina Personalizada: quando o câncer não é um ponto final
Quando comecei a falar sobre câncer em palestras do Instituto Lado a Lado, as pessoas tinham receio de ouvir e, até mesmo, de dizer o nome da doença. Havia um preconceito como se, ao mencionar essa palavra, o indivíduo já estivesse sentenciando a sua morte.
Hoje em dia, o peso da doença diminuiu e isso se deve, em grande parte, aos avanços tecnológicos. A medicina personalizada, ou de precisão, é um exemplo disso. Na verdade, é o que há de mais atual e inovador, pois tem o objetivo de proporcionar o tratamento certo para cada tipo de paciente.
Durante o 6º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (dias 4 e 5, no WTC Events Center/ São Paulo), fui convidada pela Roche Brasil, para participar do painel “Cada paciente é único: a relevância da medicina personalizada”. Lá, a atriz e apresentadora Ana Furtado, que recentemente passou por um tratamento de câncer de mama, foi a moderadora.
O oncologista Marcos André Costa, também pesquisador e presidente do GBOP (Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão), e a fonoaudióloga Patrícia Lopes, curada de um câncer de pulmão, falaram sobre tratamentos e diagnóstico. Ele comentou, inclusive, que “antes a sobrevida do paciente era de 7 meses. Hoje, com a oncologia de precisão, ele chega a viver 89 meses e, em alguns casos, há cura”.
Já o relato da Patrícia foi emocionante, ela contou que – após o diagnóstico do câncer – ela se sentiu bastante acolhida por sua médica. “A doutora dizia que eu não estava sozinha e que, juntas, iríamos encontrar o melhor tratamento. Entramos com a medicina personalizada. Tomei medicamentos direcionados que foram eficazes no meu caso”, disse ela.
O meu papel, diante de tudo isso, foi mostrar como o Instituto Lado a Lado tem a medicina personalizada como uma de suas principais bandeiras. Acreditamos que todos precisam receber um tratamento eficaz, que se adeque às suas necessidades. Não podemos mais aceitar que os mesmos protocolos e medicamentos sejam usados em pacientes diferentes, cada pessoa tem uma mutação genética e precisa de atenção específica.
Hoje, mais de 70% da população brasileira utiliza o SUS (Sistema Único de Saúde) e é inaceitável que essas pessoas não tenham a mesma oportunidade do paciente que está na Saúde Suplementar. É por isso que apoio eventos que lutam por essas melhorias. A minha vida é feita de propósitos e esse é um dos que eu mais defendo e me dedico.
Faço sempre questão de discutir com instâncias governamentais, autoridades, especialistas , sociedades de especialidades e personalidades públicas que, de alguma forma, têm relação com o tema. Tema esse que, hoje, não é mais um vilão e, sim, um professor que nos ensina a ter determinação e força para lutar e seguir a nossa jornada.